quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

“A alimentação dos Portugueses: do isolamento à integração”

 Como considero de grande importância o estudo da alimentação dos portugueses nas ultimas décadas para se entender o porquê do aparecimento/ DESENVOLVIMENTO de muitas doenças não transmissíveis da  nossa população, hoje deixo aqui um artigo de revisão da Professora Maria-Manuel Valagão, que considero de bastante interesse.


A Alimentação dos Portugueses: do isolamento à integração

Entre os anos sessenta e os anos noventa, passámos de um contexto alimentar, onde para grande parte dos portugueses a subsistência representava a própria substância da vida, para uma situação alimentar idêntica à dos países desenvolvidos.

As Balanças Alimentares constituem um instrumento de natureza estatística através do qual não só se pode conhecer de forma global a situação alimentar e nutricional de um país, mas servem também como: “... instrumentos orientadores de políticas de produção agrícola, das pescas ou da indústria alimentar; (para) avaliar os equilíbrios ou desequilíbrios nutricionais e seu impacte na saúde; avaliação dos resultados das recomendações nutricionais dos peritos e formulação de novas orientações face à situação apresentada; estudo da evolução dos níveis de alimentação e padrão alimentar nacionais e comparações com outros países...” (cf.BAP, 1990-1997, INE, Lisboa).


Estes instrumentos estatísticos fornecem-nos informação acerca das disponibilidades médias de alimentos e não dos consumos. Consequentemente, não nos possibilitam uma análise da situação intra-nacional, uma vez que não distinguem nem zonas geográficas, nem grupos sociais, nem sexos, ou ainda grupos etários. Todavia, apesar desta limitação, estes indicadores estatísticos são de uma importância inestimável, pois constituem a única fonte quantitativa de que dispomos para medir determinadas tendências globais. Por outro lado, inerente ao próprio significado de tendência, está o facto de que é necessário proceder a uma comparação de valores, por forma a ilustrar o horizonte dessa evolução.

Durante este período os portugueses integraram-se, de certa forma, nas novas lógicas de consumo alimentar, o que nos levou a partilhar alguns dos problemas e dos riscos alimentares que atravessam as sociedades modernas. Mostraremos que alguns dos principais problemas de saúde relacionados com a alimentação, já não se referem às carências alimentares, mas sim à ameaça das doenças relacionadas com a abundância alimentar. Por outro lado, esta integração no padrão alimentar ocidental, afasta-nos dos nossos padrões alimentares tradicionais mediterrânicos, que partilhávamos comos outros países do sul da Europa.

Foi nos anos sessenta que, em Portugal, se iniciaram os movimentos migratórios internos e as migrações externas. Os intensos movimentos migratórios dos anos sessenta, tiveram uma influência muito marcada nas práticas alimentares, o que se relaciona com os seus efeitos em termos sócio-espaciais e culturais, ou seja, com as transferências de população em idade activa, do mundo rural para as cidades e para as periferias urbanas. Por isso as práticas alimentares actuais têm que ser interpretadas à luz das concentrações terciárias e da emergência de uma cultura urbano-industrial.
Estamos, portanto, perante um período de referência (1960-1997), a partir do qual se pode estabelecer uma análise das principais transformações nos consumos alimentares, relacionando-as com as modificações nos sectores de actividade.

Anos sessenta, anos noventa: do isolamento à integração alimentar

A tendência global da alimentação dos portugueses, é a de que não só a disponibilidade global em alimentos aumentou significativamente, como também aumentaram as disponibilidades em alimentos de alto valor biológico, nomeadamente os que fornecem proteínas animais. Por outro lado, a disponibilidade em calorias passou de uma média global de cerca de 2 700 calorias/pessoa/dia nos anos sessenta, para quase 3 800 em 1997.

Excedemos largamente a média europeia (3.443 calorias no triénio de 1992-94). Também excedemos as nossas necessidades, que foram calculadas há cerca de vinte anos em 2800 calorias. Ora, no decurso do período em referência, é muito possível que as necessidades energéticas médias dos portugueses, tenham vindo ainda a diminuir e que, actualmente, sejam muito menores do que eram nos finais dos anos setenta. Isto é, a redução das actividades manuais, associadas a um trabalho mais “terciarizado”, à melhoria das condições de alojamento, ao aumento da deslocação feita em meios de transporte e, em termos gerais, a uma vida mais.
sedentária, contribuíram para que, na actualidade, as necessidades médias em calorias, sejam consideravelmente menores do que eram na década de sessenta.
Associam-se a todos estes aspectos o facto da população portuguesa estar a envelhecer e os níveis de prática de exercício físico serem reduzidos, o que contribui ainda mais para uma redução das necessidades energéticas.

Quanto às capitações diárias de alimentos, destacamos o facto de as disponibilidades em carne e as disponibilidades em gorduras terem quase triplicado. Excepção feita ao azeite, cuja disponibilidade teve uma nítida redução (de uma média de cerca de 18 gramas/pessoa/dia, em 1960-69, para cerca de 9 em
1990). Na última década, voltou novamente a registar-se uma capitação média de azeite mais aproximada das disponibilidades dos anos sessenta (cerca de 15 gramas/pessoa/dia em 1997).

Numa perspectiva nutricional, se alguns dos aspectos aqui evocados traduzem uma evolução claramente positiva, nomeadamente a maior disponibilidade em proteínas de alto valor biológico, outros, devem ser alvo de uma reflexão. Trata-se das consequências que os excessos de alguns consumos alimentares têm ao nível
da saúde individual. Por outras palavras, a subida do rendimento familiar e a democratização no acesso aos bens alimentares permitiram ultrapassar algumas das carências alimentares. No entanto, a esta disponibilidade e diversidade de bens alimentares associam-se novos problemas de saúde, o que está relacionado com o
facto de esta alteração se ter traduzido globalmente em hábitos alimentares que revelam um certo desequilíbrio por excesso de alguns nutrimentos. Ou seja, ao aumento das calorias totais do regime, associado à percentagem de calorias fornecidas pelas gorduras, de 25% em 1960-69 para 33% em 1997, e ao acréscimo do consumo de carnes, associa-se determinado tipo de doenças: são as chamadas
“doenças da civilização” ou “doenças da abundância”ii.

Todavia, não podemos ser simplistas. Nem tudo se deve ao aumento do consumo de gorduras saturadas e de carnes. Isto porque se sabe que para este conjunto de doenças contribui também uma miríade de factores, inerentes à vida social urbana.

Enunciemos, por exemplo: “a comida mal mastigada”, a “falta de água”, “o excesso de sal e/ou de açúcar” (veiculados muitas vezes através do consumo de alimentos processados) ou ainda “a falta de exercício”. Mas, se não podemos atribuir exclusivamente aos excessos de gorduras saturadas (e de carne) a formação das doenças metabólicas degenerativas, é indispensável considerar estes excessos, como uma causa maior.

Neste sentido, as estatísticas relativas à evolução das principais causas de morte, são muito elucidativas em relação a estas tendências. Com efeito, a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias que constituía a principal causa de morte até aos anos 50, é praticamente inexistente. Actualmente este lugar é ocupado pelas
doenças cérebro-vasculares, pela diabetes e por outras doenças metabólicas degenerativas inerentes ao modo de vida actual. Morre-se menos, mas morre-se por razões distintas das anteriores (cf. Ferrão, 1996). Aliás, Portugal é o país da Europa do Sul com o maior índice de mortalidade por doenças cérebro-vasculares, o que só por si traduz uma grande mudança nos hábitos de vida e nas práticas alimentares dos portugueses.

Se estabelecermos uma ligação entre os vários factores de mudança referidos, nomeadamente entre o que comemos e o nosso estado de saúde, percebemos que nos integrámos em novos padrões alimentares ou num modelo alimentar que favorece o aparecimento de doenças metabólicas degenerativas, devido ao grande
aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas. Simultaneamente, afastámo-nos do padrão alimentar mediterrânico, ou das principais características do modelo alimentar mediterrânico, que se sugere actualmente como "equilibrado". As principais características do modelo alimentar mediterrânico, que sugerimos como "equilibrado", tem por base a já conhecida trilogia: pão, vinho e azeite. Privilegia-se o consumo dos cereais e derivados, do pão, das massas, do arroz, dos produtos hortícolas e das frutas. Pelas suas características nutricionais, provou-se que estes alimentos tinham um efeito protector em relação a algumas doenças metabólicas. Completemos então esta análise, com os indicadores comparativos entre Portugal e os outros países europeus mediterrânicos (Espanha, Grécia e Itália) relativos às capitações médias (triénio 1992-94) de alguns produtos alimentares de maior interesse no regime mediterrânico. Verifica-se que Portugal excede as capitações médias destes países e do conjunto dos países comunitários, no pescado, nos cereais, no arroz, na batata e no vinho. Aliás, a capitação média deste último excede quer a média de uns quer de outros. No entanto, encontra-se abaixo da média comunitária (114 Kg) no que se refere aos produtos hortícolas, com 106 Kg, e abaixo das capitações registadas nos outros países da Europa do Sul (177 kg). A mesma tendência se verifica na capitação média de frutos, dado que Portugal ficou 12% (com 109 kg) abaixo da média comunitária (124 kg), e muito aquém dos outros países mediterrânicos (155 kg). Quanto ao azeite, enquanto que a média conjunta dos países do mediterrâneo é de 14 kg, em Portugal não ultrapassa os 4 kg.

Parece pois não haver dúvidas sobre o facto de que esta nova realidade nos impõe a necessidade de modificar, ou de adequar os modelos de consumo alimentar, no sentido de uma alimentação mais frugal do que a que temos actualmente. Se é quase um lugar comum, apelar para a necessidade de valorização das nossas práticas alimentares tradicionais, é no entanto imprescindível fazê-lo. É neste sentido que sugerimos o regresso ao regime mediterrânico. Este, anunciando-se como uma nova ode à tradição (que privilegia o pão, as massas e o arroz como base da alimentação) não constitui só um regresso à nossa especificidade cultural.
Representa sobretudo um horizonte de futuro, onde doravante, para todos os que se preocupam com o equilíbrio alimentar, a modernidade terá que coexistir com a tradição.


i Com efeito, este valor de 2800 calorias, que foi calculado nos finais dos anos setenta, supõe já um acréscimo de 500 calorias, para compensar os desperdícios da vida actual, pois a média das necessidades calóricas da população portuguesa, englobando os vários grupos etários, era de 2300/calorias/dia.

ii O conceito de doenças da abundância atribui-se genericamente ao conjunto de doenças metabólicas degenerativas, tais como a diabetes, a obesidade, a hipertensão, as cérebrovasculares e alguns tipos de cancro, cuja incidência aumentou muito, em consequência de consumos alimentares excessivos, numa sociedade dita "pletórica".

Referências:

BARRETO, A. (Org.), (2000) A Situação Social em Portugal, 1960-1999, Vol.II,Lisboa, Instituto de Ciências Sociais.
FERRÃO, J. (1996), “Três décadas de consolidação do Portugal demográfico” in BARRETO, A. (Org.), (1996) A Situação Social em Portugal, 1960-1995, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais.
INE (Instituto Nacional de Estatística), (1999) Balanças Alimentares Portuguesas, 1960-69, 1990-97, Lisboa.
VALAGÃO, Maria Manuel (1998), “L` Alimentation au Portugal: le changement”, in Écologie et Politique- Sciences, Culture, Société n.º 23,(Ed.Especial) Alimentation et Écologie, Paris, OIKIA, pp.25-38.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

What’s on the menu in Europe?

Os membros do Fórum Consultivo da EFSA, que reúne as autoridades nacionais de segurança alimentar dos 27 Estados-membros da UE, confirmaram hoje, o seu forte apoio à criação do primeiro inquérito alimentar pan-europeu, denominado "What's on the Menu in Europe? (EUMENU)" – “O que está no Menu na Europa? (EUMENU)”, encontrando-se o seu planeamento e coordenação inteiramente a cargo da EFSA. A importância deste estudo passa pela utilização de metodologia própria, que fornecerá informações preciosas, detalhadas e comparáveis as quais, constituirão uma ferramenta essencial para a avaliação do risco, com a representação de todos os países e regiões da UE. A recolha dos dados, relativos ao consumo alimentar, está planeada realizar-se num programa contínuo que decorrerá entre 2012 e 2017, com uma fase de preparação que ocorrerá entre 2010-2011. Será dada uma atenção especial para assegurar uma elevada taxa de participação dos países, de modo que a informação recolhida seja representativa.
Esta proposta foi apresentada e discutida inicialmente na reunião do Fórum Consultivo em Atenas, ocorrida em 25 de Novembro de 2009, tendo sido eleita como um projecto de prioridade para a cooperação científica entre os Estados-Membros e a EFSA.


FSA and national food safety agencies back plans for pan-European food consumption survey
Are intakes of food additives safe for all population groups? Are fat intake levels going down in the EU? Are consumers exposed through their diet to high levels of heavy metals such as cadmium? Who is most at risk of deficiencies in nutrients such as iron or folic acid? Which foods contribute most to Salmonella infections in humans?
These are some of the many questions that risk assessors at EFSA and in Member States address in their work every day. Access to reliable and comparable information and data on food consumption is critical in providing answers both to possible food safety and nutritional concerns.
When a new hazard is found in the food chain – for instance the recent cases of melamine found in various foods or dioxin contamination of pork – scientists must quickly assess who is exposed, through which foods and at what levels. This in order to provide a rapid and reliable risk assessment and to help risk managers take appropriate action to protect consumers.
In the area of nutrition, the analysis of dietary intake data is essential to help set science-based public health targets, to assess how dietary intakes compare with recommended intake levels and to monitor progress over time.
Today, scientists in Member States and at EFSA rely on food consumption data collected at national level. Progress has been made in recent years, spearheaded by EFSA and the Advisory Forum, to bring together such data in order to allow more efficient and accurate exposure assessment at EU level. Nevertheless, important differences in food consumption data collection remain and hamper the effective use of such data for risk assessment at EU level.
Members of EFSA’s Advisory Forum, bringing together national food safety agencies from the 27 EU Member States, confirmed today their strong support for the establishment of a pan-European food consumption survey (EU Menu). This critical tool and building block for risk assessment will allow the collection of detailed and harmonised food consumption data at the level of individuals, across the EU. First discussed at the Advisory Forum meeting in Athens on 25 November 2009, members today endorsed this project as a priority for scientific co-operation between Member States and EFSA.
This press release is also available in Spanish

For media enquiries, please contact:
Lucia de Luca, Press Officer or
Steve Pagani, Head of Press Office
Tel: +39 0521 036149
Email: Press@efsa.europa.eu

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de acção ergogénica e potenciais riscos para a saúde

A Sociedade Brasileira de Medicina do Desporto actualizou sua primeira publicação a respeito de modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas na prática desportiva. Esse documento destina-se a atletas saudáveis, adultos e adolescentes em fase de maturação sexual final.

Aqui fica o artigo publicado no passado mês de Março. Penso que é uma leitura que vem do outro lado do oceano, mas que é importante ser lida!


http://www.nutritotal.com.br/diretrizes/files/177--DiretrizEsporte2009.pdf

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mediterranean Diet May Lower Risk of Brain Damage That Causes Thinking Problems

ST. PAUL, Minn. – A Mediterranean diet may help people avoid the small areas of brain damage that can lead to problems with thinking and memory, according to a study released today that will be presented at the American Academy of Neurology’s 62nd Annual Meeting in Toronto April 10 to April 17, 2010.
The study found that people who ate a Mediterranean-like diet were less likely to have brain infarcts, or small areas of dead tissue linked to thinking problems.
The Mediterranean diet includes high intake of vegetables, legumes, fruits, cereals, fish and monounsaturated fatty acids such as olive oil; low intake of saturated fatty acids, dairy products, meat and poultry; and mild to moderate amounts of alcohol.
For the study, researchers assessed the diets of 712 people in New York and divided them into three groups based on how closely they were following the Mediterranean diet. Then they conducted MRI brain scans of the people an average of six years later. A total of 238 people had at least one area of brain damage.
Those who were most closely following a Mediterranean-like diet were 36 percent less likely to have areas of brain damage than those who were least following the diet. Those moderately following the diet were 21 percent less likely to have brain damage than the lowest group.
“The relationship between this type of brain damage and the Mediterranean diet was comparable with that of high blood pressure,” said study author Nikolaos Scarmeas, MD, MSc, of Columbia University Medical Center in New York and a member of the American Academy of Neurology. “In this study, not eating a Mediterranean-like diet had about the same effect on the brain as having high blood pressure.”
Previous research by Scarmeas and his colleagues showed that a Mediterranean-like diet may be associated with a lower risk of Alzheimer’s disease and may lengthen survival in people with Alzheimer’s disease. According to the present study, these associations may be partially explained by fewer brain infarcts.
The study was supported by the National Institutes of Health.

http://www.aan.com/press/index.cfm?fuseaction=release.view&release=796

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vegetais mais bonitos nem sempre são os mais saudáveis

Vegetais mais bonitos nem sempre são os mais saudáveis

Chris Bueno
Especial para o UOL Ciência e Saúde
 
Bananas amarelas e curvas, pepinos lisinhos e verdes, tomates redondos e vermelhos, cenouras sem nenhum defeito. Somente frutas e hortaliças perfeitas podiam ser expostas nas prateleiras dos mercados europeus até o mês passado. Mas, devido à crise econômica, a União Europeia decidiu relaxar seu rigoroso padrão de beleza e aceitar a comercialização de frutas e hortaliças mais "feinhas".

Agora, bananas retas, pepinos tortos, tomates alongados e cenouras com saliências ganham espaço nos mercados e feiras do continente, gerando um pergunta comum entre os consumidores: esses produtos com aparência estranha podem ser consumidos sem prejuízo à saúde? Nutricionistas e agrônomos garantem que sim.

Arquivo Folha Imagem
O formato das frutas e das verduras não interfere na quantidade de nutrientes




"É claro que, quando vamos ao supermercado, queremos os produtos mais bonitos, mas os que fogem a esse padrão de beleza são igualmente saborosos e nutritivos", afirma Arlete Marchi Tavares de Melo, diretora do Centro de Horticultura do Instituto Agronômico de Campinas. "O pepino, por exemplo, é uma hortaliça que entorta com facilidade durante o crescimento. Isso não quer dizer que um fruto torto seja impróprio para consumo, pois não está estragado", cita.

As aparências enganam

Segundo a nutricionista Denise Entrudo Pinto, a aparência de um vegetal não é sinônimo de mais vitaminas. "O que interfere no valor nutricional é o meio de cultivo, o tipo de solo, a quantidade de agrotóxicos e fertilizantes e o modo de preparo", explica.

A nutricionista também alerta para o fato de que nem sempre o mais bonito é o melhor - ou mais saudável. Frutas e hortaliças orgânicas em geral são mais feias por terem o uso de agrotóxicos limitado, o que faz os vegetais sofrerem mais com a ação dos insetos e ganharem uma casca menos atraente.

"Dificilmente você consegue produzir uma hortaliça linda aos olhos sem usar defensivo agrícola. Mas o contrário não é verdadeiro. Às vezes, nem com o uso o produto fica com a aparência desejada", afirma Melo.

A pesquisadora afirma que, mais importante do que valorizar a aparência do produto agrícola, é saber sua procedência. Se a forma de cultivo for adequada, respeitando o limite e o período de carência do uso de agrotóxicos, então não há perigo para o consumo. "É muito importante respeitar esse intervalo de segurança entre a última aplicação e a colheita, para garantir que o alimento colhido não possua resíduos acima do limite máximo permitido", relata.

Como escolher e limpar?

Se as aparências enganam, então como escolher um produto corretamente? "Escolha vegetais frescos, com coloração característica e sem partes amassadas ou furadas", explica Entrudo.

É importante, também, realizar uma boa higienização desses alimentos antes de consumi-los. Isso garante que as impurezas e resíduos sejam retirados. "Lave-os em água corrente, retirando a sujeira com uma escovinha própria. Prepare uma bacia com água clorada e deixe por 20 minutos. O vinagre e sabão não devem ser utilizados para higienização", ensina a nutricionista.

Melhoramento genético

Muitos dos produtos que consumidos hoje são bastante diferentes de como eram em sua origem. Um exemplo disso é o morango, uma frutinha que nascia espontaneamente nas montanhas europeias. Com o começo de seu cultivo por horticultores franceses e ingleses, o morango teve seu tamanho aumentado através do processo de seleção e cruzamento das melhores plantas.

"O melhoramento dos produtos agrícolas é feito há muitos anos, selecionando-se as melhores e mais desejadas características de cada planta e fazendo o cruzamento para obter resultados cada vez melhores", explica Melo.

Atualmente, essa antiga técnica é feita com avançados recursos tecnológicos, proporcionando produção maior, tamanho, qualidade e também maior resistência a pragas e condições climáticas adversas.

O uso de defensivos agrícolas (pesticidas e agrotóxicos) também contribuiu para que muitas das hortaliças e frutas consumidas hoje sejam maiores e mais bonitas do que as de algumas décadas atrás.

Com todos os recursos disponíveis para a alteração genética e o desenvolvimento dos transgênicos, tudo indica que frutas, verduras e legumes ainda vão mudar bastante. Já existem experimentos com morangos que receberam um gene de um peixe do ártico, que ajudaria a frutinha a resistir melhor ao frio. "A tendência, agora, é tentar modificar geneticamente alguns alimentos em algum nutriente para uma função fisiológica específica, com benefícios para a saúde", aponta Melo. Mas tudo isso ainda está em teste.

http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/2009/08/10/ult4477u1927.jhtm

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Efeitos positivos do consumo de linhaça

 No ultimo ano, a linhaça entrou definitivamente nos estudos científicos e aconselhamento no aconselhamento realizado por nutricionistas.


Esta semente que encontramos em qualquer supermercado ou casa de produtos naturais revela-se extremamente rica, trazendo vários benefícios para a saúde...

Cá vai...

A linhaça é uma semente oleaginosa e classificada como um alimento funcional pelas quantidades de gorduras poliinsaturadas, fibras solúveis e de vitamina E presentes na  sua composição. Os principais componentes da semente e do óleo são os ácidos gordos ómega-3 e ómega-6.

Os estudo publicados realçam as propriedades anti-inflamatórias e regulação do sistema imunitário. Para além disso, é a maior fonte alimentar de lignanas, compostos fitoquímicos que no organismo tomam propriedades idênticas ao estrogénio e que tê propriedades anti-cancerígenas, principalmente em relação ao cancro de mama e  do cólon. Essa substância também tem o poder de diminuir os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM).

Estudos comprovam que a linhaça tem o poder de diminuir a aterosclerose. 
Recentes estudos como o Nurse’s Health Study aplicou um questionário de frequência alimentar durante 10 anos em mulheres, que teve como objectivo analisar a quantidade de gorduras poliinsaturadas que estas ingeriam para associar a ingestão ao risco de Enfarto Agudo do Miocárdio (EAM). Os investigadores encontraram redução de 45% do risco de EAM em mulheres que ingeriram quantidades significantes de ómega 3.  Efeitos similares também foram relatados em homens, aplicando a mesma metodologia, no Health Professional Study, no qual 1% de aumento na ingestão de ómega 3 foi o suficiente para diminuir os ricos de EAM. Nesses dois estudos, a mais baixa ingestão foi de 0,7 a 0,8 g/dia e os mais altos, 1,4 a 1,5 g/dia, respectivamente. Sendo que a ingestão preconizada de 1,0 g/dia.

A linhaça também é rica em vitaminas do complexo B que são importantes no controlo do apetite, na formação das células sanguíneas, na longevidade celular, no sistema nervoso e para o metabolismo dos hidratos de carbono, proteínas e lípidos. 


Contém ainda as vitaminas C e E que são potentes antioxidantes e ainda são ricas em minerais essenciais para a prática de actividade física constante como o ferro, zinco, alguma quantidade de potássio, magnésio, fósforo e cálcio.

Portanto, a introdução a linhaça e outros alimentos ricos em ómega 3, tal como peixes de águas frias (salmão, sardinha e atum) na alimentação revela-se de extrema importância.

Estudo: Vinho e chocolate são poderosos contra o cancro - Diário Digital

O vinho tinto e o chocolate amargo são «remédios» poderosos contra o cancro, segundo um estudo apresentado por especialistas numa conferência na Califórnia (oeste dos EUA). «Estamos a classificar os alimentos segundo as suas qualidades anticancerígenas», disse William Li, titular da Fundação Angiogenesis, sediada em Massachusetts (nordeste). «O que comemos é realmente a nossa quimioterapia três vezes por dia», acrescentou.
Os investigadores compararam alguns alimentos com medicamentos utilizados em tratamentos contra o cancro e descobriram que a soja, a salsa, as uvas pretas, morangos, framboesas e outros alimentos são tão ou mais potentes para combater um tumor do que remédios.
Consumidos juntos, esses alimentos revelaram-se ainda mais poderosos no combate às células cancerosas, segundo o estudo.
«Descobrimos que a mãe natureza criou uma grande quantidade de alimentos com propriedades antiangiogénicas», enfatizou Li, referindo-se à capacidade destes alimentos de reduzir a multiplicação de células malignas.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Obrigada!!!!

Faz hoje um ano, postei o primeiro artigo deste blog...

Inicialmente de uma forma tímida fui começando a escrever, desenvolver ideias e pensando e reflectindo sobre alguns assuntos...

Assim só tenho a agradecer aos que têm lido, comentado e seguido o que eu escrevo, pela força que me foram dando para continuar e pelas ideias que me foram dando sobre vários temas!

Um OBRIGADA especial! E, é para continuar!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Relatório sobre a Alimentação Tradicional Europeia

O British Nutrition Foundation publicou recentemente um Relatório sobre a alimentação tradicional europeia, acompanhado por um conjunto de cartões de receitas.
O trabalho está inserido no projecto PORTFIR (European food information resource network) que visa desenvolver uma rede integrada de informação, criando um banco de dados e fonte global autorizada na área de composição dos alimentos para toda a Europa.
O projecto, coordenado pela Dra. Helena Costa do Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA, reuniu uma equipa de investigadores que trabalharam na recolha de diferentes receitas dos 13 paises europeus que participam (Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Alemanha, Grécia, Islândia, Itália, Lituânia, Polónia, Portugal, Espanha e Turquia).
Desta forma foi possível elaborar o relatório que desenvolve uma síntese da alimentação e das cozinhas destes países,  acompanhado com informação referente à História de cada país.
O Relatório examina se os alimentos tradicionais são considerados mais saudáveis do que os modernos, contribuindo para um maior conhecimento do que comemos e como podemos manter uma alimentação saudável.
Os cartões de receitas que acompanham o Relatório reúnem 60 pratos de 13 países diferentes e incluem para além das formas de confeccionar os pratos, os valores energéticos, as calorias, açúcar, etc, permitindo a quem está a cozinhar conhecer os valores de cada alimento e alterar a receita conforme as suas necessidades nutricionais.

http://www.eurofir.net/temp/PublishablespExecSum_yr3_2007.pdf

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Açucar Light - o que é?

Este produto é um adoçante que combina o açucar e o aspartame, e que não é considerado dietético, sendo inclusivamente desaconselhado o seu consumo a diabéticos e fenilcetonúricos),
A sua vantagem é o facto de agradar mais em termos de paladar, para que resiste ao sabor dos adoçantes convencionais, reduzindo 50% das calorias do açucar puro.
A sua ingestão diária aceitável ainda não foi estabelecida, no entanto como contém aspartame, recomenda-se que o seu consumo não exceda as 40mg/ Kg de peso/dia.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

As regras para a alimentação nas escolas estão mais apertadas, mas nem todas cumprem da mesma maneira - Segundo o I

 Poderíamos ter um Jamie Olivier a cozinhar em todas as escolas publicas...mas tal não parece possível...
 Bem me lembro na fase do liceu o estigma que era ir almoçar ao refeitório...

Mas pelo menos no passado ano lectivo, o Ministério da Educação regulamentou o tipo de refeições e a sua composição que podem ser servidos nas cantinas escolar.
Retirei a noticia que se segue do Jonal I de hoje...

Boa leitura...
 
Doze milhões de refeições para alimentar todos os alunos do ensino básico e secundário da região de Lisboa e Vale do Tejo. Esta é a quantidade de sopas, sobremesas, legumes, peixe e carne que as cantinas das escolas públicas serviram no ano lectivo de 2008/09. Zelar pelos bons hábitos alimentares de um batalhão de crianças e adolescentes é tarefa que pais e escolas não podem descurar. O que os mais novos comem determina o que vão ser no futuro e até o seu rendimento escolar. "Uma alimentação regular e equilibrada de três em três horas é fundamental para aumentar a capacidade de concentração das crianças e também ajuda a diminuir os comportamentos agressivos", explica Nuno Nunes, nutricionista do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

É por tudo isto que as regras nas cantinas escolares estão mais apertadas desde 2007, com as normas gerais de alimentação impostas pelo Ministério da Educação (ME) - recomendações que as escolas devem seguir à risca. A tutela garante que a preocupação com a comida nas escolas não é recente. Já vem das décadas de 1970 e 1980, quando foram criados "regulamentos para os bufetes e refeitórios, normas gerais de alimentação, capitações de alimentos de acordo com os grupos etários". Estes documentos "ainda hoje são referências para as escolas", sublinha a tutela, reconhecendo que "alguns alunos tomam uma única refeição quente por dia, a disponibilizada no refeitório da escola".

A ementa semanal de cada escola tem de estar exposta "em lugar bem visível". Fritos só de 15 em 15 dias - e confeccionados com óleo de amendoim. Apesar de o menu estar definido, há situações em que os alunos têm direito a dietas alternativas. Em que casos? Quando houver "prescrição médica" ou "motivos religiosos". Todos os meses as cantinas são obrigadas a servir dois pratos de bacalhau e um de ovos. Semanalmente, deverá figurar na ementa um prato de carne, um de aves, um à base de leguminosas e um de peixe servido à posta.

Os produtos devem chegar às escolas uma vez por semana, no caso de serem servidas 200 ou menos refeições diárias. Já em estabelecimentos maiores, o fornecimento terá de acontecer duas vezes por semana. Quanto ao pessoal de serviço nos refeitórios, cabem-lhes outras tarefas que não servir. O ME recomenda que tentem "fomentar o consumo de sopa e legumes, persuadindo os alunos a colocar nos tabuleiros esses produtos".

Sensibilizar as crianças é, de resto, uma missão difícil. Paula Chouço, da associação de pais do agrupamento de escolas EB2 + 3 de Mora, até acredita que a oferta nas cantinas é "satisfatória". O problema, realça, é conseguir controlar as saídas dos alunos, "quando resolvem comer fora da escola ou trocar o almoço por uma sandes". E esta questão é das que começam em casa. "Cada vez mais, os pais não dialogam nem se preocupam com o que as crianças comem, e esse é o verdadeiro drama", defende.

Nos bufetes, a regra mais importante é complementar em vez de competir com o refeitório. Assim, o espaço deve estar fechado à hora de almoço. As Direcções Regionais de Educação (DRE) até podem autorizar o seu funcionamento nesses horários, desde que forneçam refeições equilibradas. "Copos de leite, sandes de pão escuro e peças de fruta" são alguns dos exemplos apresentados pela tutela.

Rissóis, croquetes, pastéis de bacalhau e "produtos afins"estão na lista negra das escolas. No inventário da comida proibida incluem-se também os pastéis e bolos de massa folhados, as chamuças, os enchidos e outros produtos de charcutaria. Molhos como maionese e ketchup, refrigerantes, gelados de água e compotas com alto teor de açúcar são de evitar. O mesmo se aplica a batatas fritas de pacote, pipocas, fast food ou cerveja sem álcool. Igualmente proibidos estão os chocolates em "embalagens superiores a 50 gramas". O que têm em comum este produtos? Não têm fibras, contêm muito açúcar, gorduras, sódio, corantes, conservantes e edulcorantes.

As regras existem, mas cabe à escola garantir a sua aplicação. O ME garante que são feitas "análises microbiológicas para garantir a segurança alimentar e as boas práticas de higiene e de fabrico, contratualizando o serviço a empresas da especialidade". Contudo, nem todas as escolas funcionam da mesma forma. Helena Rodrigues pertence à associação de pais da Escola Jaime Magalhães Lima e é professora na escola secundária Homem Cristo. As duas escolas funcionam em Aveiro, mas há diferenças substanciais entre a comida que fornecem aos alunos. "A primeira está concessionada e há uma quantidade ini
maginável de queixas. A alimentação é má e a direcção da escola sabe disso e tem feito vistorias frequentes. Faltam ingredientes à sopa - que é água - e a comida é, em regra, pouca. As empresas visam o lucro", denuncia. Por isso, defende que "não há nada como a comida ser confeccionada na própria escola", como acontece na Homem Cristo.
Segundo o relatório do ministério sobre a alimentação fornecida nas escolas em 2009, só uma minoria não disponibilizou sopa diariamente aos alunos. No entanto, a esmagadora maioria admitiu oferecer fritos "ocasionalmente" aos alunos, e quase metade disponibiliza sumos naturais nos bufetes. Ainda assim, o ME garante que "as melhorias são notórias".
Com Kátia Catulo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Como aumentar o gasto calórico mesmo quando estamos em repouso?

Várias vezes tenho escrito sobre exercício físico e o que se consome em termos de energia durante a prática de exercício físico ou mesmo actividade física.

Mas como "gastar calorias" mesmo quando estamos sentados?

Só existe uma forma - fazer exercício físico com frequência de forma a ganhar massa muscular, ou aumentar a sua percentagem (se diminuirmos a % de gordura poderemos aumentar a % de massa muscular, mantendo o mesmo peso).

A massa muscular é metabólicamente mais activa que a massa gorda, ou seja gasta mais calorias para se manter. Algumas pessoas aumentam o consumo de alimentos e substancias termogénicas (como eu própria ja escrevi aqui no blog), ou seja dessa forma aumenta-se a oxidaçao de gordura e acelera-se o metabolismo. No entanto, os alimentos termogénicos ou os suplementos alimentares ditos termogénicos não substituem a prática regular de actividade física. Ou seja o alimento/suplemento, não substitui a prática de exercício físico, apenas poderá ajudar...

Alimentos termogénicos:
 - soja e derivados,
 - café,
- gengibre,
 - pimenta vermelha,
 - guaraná (não o refrigerante, mas o fruto!!!),
 - algas,
 - sementes integrais - germén de trigo, sementes de linhaça,...