segunda-feira, 24 de maio de 2010
Estudo: alimentos biológicos não são mais nutritivos
Os produtos ecológicos não trazem vantagens nutritivas quando comparados com os alimentos da agricultura convencional, relata um estudo francês, que não avaliou consequências para o ambiente do uso de pesticidas. Dois membros honorários do Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INRA) realizaram o estudo e ao jornal "Le Figaro" explicaram que examinaram mais de uma centena de artigos científicos publicados desde 2003. As conclusões de Léon Guéguen e Gérard Pascal coincidem com um documento da Agência Francesa da Segurança Sanitária dos Alimentos (AFSSA), que já referia a "ausência de diferenças significativas" entre os alimentos ecológicos e os outros, a nível nutritivo e de efeitos para a saúde.
"As fracas diferenças observadas não conferem aos alimentos ecológicos vantagens nutritivas ou sanitárias significativas num regime alimentar global", referem os autores.
Os cientistas admitem que "logicamente (estes produtos) têm menos pesticidas", o que é uma vantagem.
Lembraram ainda um estudo oficial francês, de 2009, que indica que a quase maioria das frutas e legumes analisada respeitavam os níveis máximos de resíduos autorizados - fixados a um nível 100 vezes inferior ao considerado tóxico.
No entanto, um dos aspetos considerados mais polémicos é que os dois especialistas classificam os nitratos (ligados ao ácido nitroso ou azotoso) dentro dos nutrientes e afirmam "não serem tóxicos".
Referem também que os únicos riscos resultam da sua redução em nitritos, sobretudo para os bebés, e a formação de partículas cancerígenas no tubo digestivo, mas consideram ser um cenário "pouco provável".
Léon Guéguen e Gérard Pascal recordam que os nitratos estão presentes em frutas e verduras ricas em vitamina C, que tem, por seu lado, um efeito protetor.
Um outro estudo publicado esta semana por investigadores da Universidade de Newcastle (Inglaterra) notou que aves selvagens preferiam grãos convencionais aos biológicos e explicaram com a maior presença de proteínas - uma diferença média de 10 por cento - nas sementes cultivadas com fertilizante com nitratos.
Diário Digital / Lusa
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