sábado, 7 de novembro de 2009

Auto-regulação contra a obesidade infantil - Até que ponto???

Foi noticia ontem em vários jornais, desde os jornais gratuitos aos jornais tradicionais...

Vamos ver até que ponto será levada a sério e cumprida!

A baixo deixo a noticia do jornal I de ontem...

Intervalo do filme. Começam os anúncios. Entre detergentes e máquinas de barbear surge uma criança a comer um chocolate. O primeiro impulso do jovem espectador passa por comprar.

A responsabilidade social da publicidade foi o mote para a assinatura do acordo Pledge Portugal pelas principais empresas de alimentação e bebidas, que vem alterar a publicidade dirigida a menores de 12 anos. "Este documento revela a maturidade da indústria portuguesa e da sua ligação ao consumidor", esclareceu Jorge Henriques, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares. Promover hábitos saudáveis no público infantil e combater a obesidade são os dois pontos fulcrais da medida.

Para algumas marcas que constam na lista das empresas, a auto-regulação não é nova. Tiago Silva, da Coca-Cola Portugal, disse ao i que já há alguns anos que a marca tem a sua própria auto-regulação e não faz marketing dirigido a menores de 12 anos: "A auto-regulação é uma óptima medida para evitar a legislação do governo." "Um comportamento responsável significa que damos mais poder e liberdade aos pais para decidirem o que é bom ou não para os filhos", salientou ao i Malte Dammann, director da Mars em Portugal.

As 26 empresas do sector que assinaram o acordo, incluindo marcas como a Nestlé, a Kelloggs, a Iglo, a Matutano, a Sumol oua Compal, comprometem-se a não passar mensagens publicitárias para menores de 12 anos e a não promover iniciativas comerciais em escolas do primeiro ciclo. Jorge Henriques explicou que estas medidas constituem "um apoio da indústria às políticas europeias e nacionais de luta contra a obesidade".

Não podemos esquecer por exemplo a noticia do DN de 21 de Março de 2008 que aqui deixo...

A Confederação de Meios para a Comunicação Social quer saber quais são as intenções do Governo com a nova legislação sobre a publicidade a alimentos dirigida às crianças, pelo que solicitou uma audiência com Fernando Serrasqueiro, secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor. O Executivo acredita que a auto-regulação não tem funcionado e que os anunciantes promovem excessivamente produtos que fazem mal à saúde (ver caixa).
"Não podemos deixar de alertar o Governo das implicações desta medida", afirmou ao DN Rui Ramos Pereira, secretário-geral da entidade, que acredita que a proibição de publicidade a alimentos para crianças pode terminar com os conteúdos infantis na televisão. "Há horários definidos para estes programas que deixariam de poder ser patrocinados", defende o responsável.
Apesar de ainda não se saber quais serão as novas regras aplicadas em Portugal, várias entidades um pouco por todo o mundo têm sugerido a ideia de proibir a publicidade de alimentos a crianças como forma de combater a obesidade infantil. A Consumers International, por exemplo, lançou um código de ética em que sugere a proibição do marketing de alimentos e bebidas não alcoólicas para crianças.
Alguns dos associados da Confederação de Meios estão preocupados com a futura legislação, salientou o responsável. "A Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN), a Associação Portuguesa de Imprensa (API) e as televisões já nos fizeram chegar as suas preocupações", diz Rui Ramos Pereira, que acredita que estas medidas não vão "resolver a obesidade infantil, pois não é a publicidade que a provoca". "Temos estudos que apontam neste sentido", defende o responsável.
"Somos contra proibicionismos", confessa o secretário-geral, que acredita que a obesidade devia ser alvo de "políticas de fundo" do Governo. "É fácil culpar a publicidade", desabafa Rui Ramos Pereira.
Já o Instituto Civil da Autodisciplina da Publicidade (ICAP) acredita que a auto-regulação tem funcionado nesta área. "Recebemos vários pedidos de parecer para analisarmos os anúncios antes destes irem para o ar", afirmou ao DN Miguel Morais Vaz, secretário-geral da entidade que, no entanto, não pode revelar quais as empresas que o fizeram.
Mário Rui Silva, presidente da agência de publicidade HPP Euro RSCG, acredita que caso a publicidade infantil a alimentos seja proibida, será perdida "uma fatia razoável do investimento publicitário". "Já existem leis que regulam a prática publicitária, nós temos códigos de ética, não faz sentido legislar por cima", conclui este responsável.

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